O JP Morgan faz um estudo bem legal em seu relatório anual, que é conhecido internamente como tabela periódica. Nele, é mostrado o retorno de cada classe de investimentos e uma carteira teórica balanceada:
Assim fica fácil notar que nem tudo que vai bem em um ano será o melhor investimento no seguinte e vice-versa (com exceção das commodities, que foram a pior classe nos últimos quatro anos). Nos 16 anos da tabela, os fundos imobiliários (REITs) tiveram a maior alta (e maior volatilidade), enquanto as commodities tiveram a pior rentabilidade (com todas as classes tendo retorno positivo no período).
A carteira balanceada (Asset Allocation) teve uma rentabilidade atualizada de 4,8%, com uma volatilidade mais baixa (só superior à renda fixa) – resultado esperado de um portfólio diversificado.
Enfim, a tabela nos dá uma boa ideia do que esperar em termos de retorno ao se investir no exterior (em dólares, é claro).
De 2009 para cá, o interesse dos brasileiros em investir no exterior aumentou (primeiro com o dólar barato, depois com a crise econômica e política). Como somos acostumados com as altas taxas de juros locais, as rentabilidades acima não parecem atrativas.
Aí acontece algo que tem se tornado bastante comum: brasileiros abrem conta no exterior para diversificar seus investimentos e riscos, mas compram títulos de empresas brasileiras negociados em outras moedas.
Este paradoxo (não podemos esquecer que, para alguns, tal estratégia pode fazer sentido), acontece porque é mais fácil dizer para um investidor “Você compra este título da Petrobras e vai ter um yield de 13% em dólar” do que tentar educá-lo a outra realidade e a um cenário de juros flutuando em torno de 0% (os títulos da Exxon têm yield em torno de 3%).
Infelizmente, a preocupação com a rentabilidade é maior que o risco e os investidores acabam expostos a muito mais volatilidade que gostariam e suportariam. A variação diária dos títulos de renda fixa de empresas brasileiras tem sido violenta e aí entra a segunda falácia do banker:
“Não se preocupe com a variação diária dos preços, é só segurar até o vencimento.”
Imagine você com um título da Petrobras negociado em dólares no exterior com vencimento em 2019. De hoje até lá, muita coisa pode acontecer, tanto com a empresa, quanto com você. Talvez em uma emergência você precise do dinheiro e, neste momento, os bonds estão com preço 20% abaixo do que você comprou. A única opção é vendê-los e amargar o prejuízo.
Mas não se preocupe, seu banco no exterior ganhou dinheiro com isso, já que colocou um spread tanta na hora da compra, quanto na hora da venda destes títulos que ele te recomendou.
Portanto, se você planeja investir no exterior lembre-se que você está fazendo isso para diversificar seu portfólio e não aumentar os riscos dele.