O começo de fevereiro foi bastante movimentado nos mercados globais. Grande parte das ações caiu cerca de 10% do final de janeiro e, claro, houve desespero por parte dos investidores. Na semana passada, contei a história do VelocityShares Daily Inverse VIX Short-Term ETN (XIV) que caiu 80% em um dia.
Enfim, toda essa comoção me fez lembrar de algo que escrevi há quase dois anos no blog. O artigo é chamado Pare de se preocupar se o mercado irá despencar e mostra como os investidores tendem a achar que o mercado sempre vai despencar e que essa preocupação não ajuda em nada. Claro, não parei por aí e cliquei nos links no final do artigo (tenho essa mania de ficar clicando em links; sábado passado fui ver um vídeo no youtube de 10 minutos que explicava que nem sempre um bilhão é um bilhão – semana que vem eu escrevo sobre isso – e duas horas depois estava vendo uma entrevista com André Matos, ex-vocalista do Angra).
O primeiro, O que importa é estar no mercado, levava a um texto enviado em 2014 no Plano de Voo. A conclusão dele é que o mais importante é o tempo investido no mercado, e não market timing (que vai de encontro com outro Plano de Voo, desta vez de 2016, Tempo, e não timing, é chave para ter sucesso nos investimentos). Já o segundo, tem uma citação de Paul Singer (gestor do hedge fund que deixou a Argentina de joelhos em 2016):
Os pontos de virada importantes no mercado nunca são identificados com precisão pelos “experts” e legisladores. Essa falta de antecipação não é surpreendente, porque os mercados e o curso da economia não são um fenômeno científico modelável, mas sim exemplos do comportamento humano em massa, que nunca são previsíveis com precisão.
Mas o que é surpreendente é que até os investidores mais sofisticados, traders e comentaristas continuam a depender de previsões feitas por aqueles que não tem nenhum histórico de sucesso.
Existem duas lições aqui. A primeira é que somente o tempo fará com que o resultado da sua estratégia apareça. Já a segunda é que é impossível antecipar as movimentações do mercado.
De vez em quando acontece, claro, mas é muito mais sorte que habilidade. Por exemplo, posso dizer que cravei o fundo do poço das bitcoins quando elas chegaram a USD 6 mil no início do mês:
Originalmente enviado aos clientes da Inva Capital em 16/02/2018.