Já escrevi diversas vezes sobre a imagem abaixo (a minha preferida de todos os tempos), que mostra os fatores que controlamos ao investir (Risco, Custo, Tempo e Comportamento) e o que não controlamos (Retorno).

Em Tempo, usei uma citação de Nassim Taleb:
“Em um pequeno intervalo de tempo, observa-se a variabilidade do portfólio, não seu retorno.”
Me lembrei dela ao ler uma notícia sobre o lançamento de novos portfólios modelos pela WisdomTree (que apesar de ser de janeiro só apareceu para mim agora). A empresa recrutou o professor de Wharton para desenvolver novas modelagens e estratégias já que ela é mais uma na lista dos que não acreditam que o tradicional portfólio (ao menos nos EUA) balanceado 60% ações e 40% renda fixa irá trazer os retornos necessários aos investidores.
No texto, o gráfico abaixo me chamou a atenção. Ele mostra o retorno máximo e mínimo em diferentes janelas de tempo (de um ano a esquerda até 30 a direita) em mais de 200 anos! A barra azul mostra as ações, a verde títulos de renda fixa (bonds) e a cinza títulos do governo americano de curto prazo (T-Bills).

Nele é possível ver o resultado prático da frase de Taleb. Quando maior a janela de tempo, menor a variação dos retornos. E um fato curioso, a única classe de ativo que não teve retornos negativos em períodos mais longos (20 e 30 anos) foi a de ações! Enquanto no curto prazo as ações mostram um variação gigantesca, com o passar do tempo ela vai diminuindo cada vez mais.
O J.P. Morgan fez um gráfico parecido, mas com um período bem mais curto (“só” 70 anos). O resultado é o mesmo:

Então, a abrupta queda dos preços dos ativos no final de março serviu para nos mostrar quanto nossos portfólios podem variar. Mas não nos disse nada sobre sua rentabilidade. Essa é uma diferença grande de conceito, mas bastante importante de ser entendida.
A pergunta que fica é: qual será a melhor combinação de ativos para minimizar o risco (volatilidade no curto prazo) e maximizar o retorno no longo prazo?
Infelizmente, não saberemos a resposta de antemão. A fórmula exata do portfólio ótimo só saberemos a posteriori. Portanto a capacidade de antecipar tendências estruturais e saber se adaptar a novos cenários de investimentos são de extrema relevância.
Epílogo
No texto citei os portfólios modelos da Wisdom Tree, então vamos ver como eles estão se saindo – apesar do pouco tempo desde o seu lançamento.
Os modelos são todos baseados em ETFs, sendo que um deles é alocado 100% em ações (Siegel-WisdomTree Global Equity Model Portfolio) e o outro (Siegel-WisdomTree Longevity Model Portfolio) é balanceado com 72% em ações, 25% em renda fixa e 3% em alternativos (que é um ETF de ouro somente).
Vamos começar pelo modelo focado em ações:

O portfólio balanceado está se saindo assim:

(A última linha da tabela acima – tirada do site da Wisdom Tree – está com a descrição errada. O correto seria 75% MSCI World – 25% Bloomberg Barclays US Aggregate Bond Index, que é uma comparação melhor com o modelo dado sua composição atual.
Como vimos acima, ainda é cedo para tirar alguma conclusão sobre esses resultados, mas eles parecem promissores. Infelizmente, não há medidas de risco disponíveis para uma comparação mais profunda com os benchmarks.
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Originalmente enviado aos clientes da Inva Capital em 18/09/2020.