Na semana passada, fiz uma breve introdução ao smart beta. Nela, vimos que apesar do nome, a teoria é bem simples: exposição a diferentes fatores de risco (momento, valor, crescimento, volatilidade, yield etc.). Também escrevi que a ideia é muito boa, mas que para funcionar precisamos saber ex-ante quais os fatores que se sairão melhores no futuro — algo bastante difícil.
Um dos maiores gestores de ETFs nos EUA, a State Street, responsável pelos famosos SPDR ETFs, fez o gráfico abaixo com alguns fatores de risco:
No gráfico de linha temos: Valor (Value), Volatilidade Mínima (Min. Vol.), Qualidade (Quality), Valor de Mercado (Size), Yield e Momento (Momentum). Cada um representado por um índice, que você pode ler nas letras miúdas.
Veja como ate fevereiro de 2016 os fatores Volatilidade Mínima e Momento tinham praticamente a mesma rentabilidade. Porém, com a queda na aversão ao risco na metade do mês eles tiveram resultados bem diferentes (facilmente observado no gráfico de barras).
Um fator que vinha mal, e no gráfico está bem abaixo dos demais, é o Tamanho de Mercado. Entretanto, em fevereiro ele teve o segundo melhor desempenho nesse estudo, com o inverso acontecendo com o Momento.
Enfim, acertar o timming na hora de escolher o fator a investir e desinvestir é bastante difícil.
No vídeo abaixo, Rob Arnott fala um pouco sobre smart beta (em inglês):
Resumidamente, ele aconselha os investidores a não perseguirem performance. Por exemplo (e como tudo neste blog, isto não é uma recomendação), só porque o fator Volatilidade Mínima subiu bem não é necessariamente um sinal de que seja um bom investimento no futuro.
Além disso, Arnott diz para olharmos a performance de três ou cinco anos, pelo menos. Inclusive, ele fala que o recente desempenho do fator Valor pode ser um indicativo de que seja um bom investimento nos próximos anos (novamente, não é uma recomendação).
Para encerrar, e mudando um pouco de assunto, se você entrou no site do SPDR ETFs, talvez tenha notado um novo fundo com a sigla SHE. A ideia por trás do smart beta é usar fatores quantitativos para ter exposição a diferente riscos. Mas, desta vez, o pessoal da State Street resolveu usar um fator qualitativo: empresas que tenham mulheres no management e/ou no conselho. Vai funcionar? Quem sabe…