Os mercados de ações dos EUA estão próximos de suas máximas históricas. Então, é comum escutarmos que não é o momento ideal para se comprar e blá blá blá.
O gráfico abaixo mostra que para chegar onde está hoje, o Dow Jones passou por diversas máximas históricas ao longo de décadas.
Análises baseadas em “mas está perto da máxima histórica” devem ser desconsideradas. Felizmente, existem outros métodos para termos ideia se as ações estão caras ou não.
O gráfico abaixo, cortesia do JP Morgan, nos mostra que se usando o P/L projetado, as ações dos EUA estão sendo negociadas pouco acima da sua média histórica:
Na tabela ao lado do gráfico, outros indicadores mostram que o patamar atual é também próximo da média. Então, usando evidências ao invés de achismos, chegamos a conclusão que as ações dos EUA não estão caras (nem baratas!).
Como escrevi acima, o gráfico do P/L é cortesia do JP Morgan, que trimestralmente publica seu Guide to the Markets. O relatório é muito bom, com diversos dados interessantes e o melhor, sem nenhum comentário!
Por exemplo, a imagem abaixo mostra o resultado de uma regressão entre o P/L projetado (que vimos acima) e o retorno anualizado do S&P500 em cinco anos:
O primeiro ponto é o baixo coeficiente de determinação (R-squared) entre as variáveis (42%). Parece que no mercado financeiro não se dá muita importância para isso; por outro lado, não há um número exato para se dizer que a regressão é explicativa (o coeficiente de determinação de 42% é equivalente a uma correlação de 65%).
Enfim, o resultado está dentro do esperado: quanto maior o P/L projetado (as ações estão mais “caras”), menor o retorno do índice nos próximos cinco anos. Pelo gráfico, devemos esperar um retorno anual do S&P500 para os próximos cinco anos de cerca de 10% – o que não é nada mal, já que cumulativamente esse valor é de 61%.
Por fim, o gráfico abaixo mostra que nos últimos 36 anos do S&P500, 27 foram positivos. As barras cinzas mostram a rentabilidade do índice ao final de cada ano e os pontos vermelhos quanto ele chegou a recuar no ano.
Anos ruins acontecem, mas são poucos, porém momentos ruins dentro de um mesmo ano são comuns. O segredo é o mesmo de sempre: paciência.
Originalmente enviado aos clientes da Inva Capital em 06/01/2017.