A Netlfix lançou no ano passado uma série de documentários chamada Dirty Money. Todos têm um ponto em comum, como pessoas ganharem dinheiro utilizando fraudes, roubando ou enganando os outros. Até agora vi dois episódios: sobre o roubo de maple syrup no Canadá e a ascensão e queda da Valeant.
A Valeant é uma empresa farmacêutica que começou a crescer com a estratégia de aquisições. Ela comprava outras empresas ou drogas, cortava os custos de pesquisa e desenvolvimento de novas drogas e aumentava o preço dos remédios do seu portfólio. Isso começou a dar resultado e chamou a atenção de Wall Street. Diversos hedge funds passaram a investir na empresa e idolatrar seu CEO, Mike Pearson.
Porém, nos bastidores, muita coisa errada acontecia. A Valeant estava utilizando uma farmácia regional, Philidor, para inflar suas vendas e enganar as empresas de planos de saúde. O esquema foi descoberto por alguns gestores e jornalistas, e acabou jogando a empresa na lama. Veja a evolução do preço das ações da empresa nos últimos 10 anos (ela até mudou de nome!):

O que me chamou a atenção nesse episódio foi a quantidade de hedge fundsconhecidos que acreditaram na empresa. Pesquisaram, estudaram, fizeram visitas – alguns, inclusive, faziam parte do conselho. Gestores admirados e bastante conhecidos, com um exército de analistas e muito dinheiro para consultores fizeram uma escolha muito errada.
Esta semana, li uma matéria sobre o gestor David Einhorn. Ele ganhou muito dinheiro no início do século e ficou bastante famoso quando ficou vendido na Allied Capital (ele até escreveu um livro sobre o caso, que recomendo), acusando a empresa de fraude no seu balanço. No livro, vemos que a pesquisa feita para chegar à essa conclusão foi bastante extensa. Ou seja, ele sabia o que estava fazendo.
Mas como vimos no início de 2016, seu fundo sofreu em 2015, caindo 20% (em 2016, a alta foi de 7,0% e, em 2017, de 1,5%). Agora, no início de 2019, sabemos que 2018 não foi um bom ano para Einhorn, com seu fundo caindo 30%, a pior performance desde sua abertura em 1996. Segundo ele, em carta aos investidores, “nada deu certo”.
Mas, enfim, o que quero dizer com tudo isso?
Veja que falei de grandes gestores, com bastante dinheiro, um grande foco em pesquisar a fundo as empresas em que investem (ou que ficam vendidos). Mesmo assim, eles cometem erros e acabam tendo anos ruins (ou horríveis). E 2018 veio nos lembrar que anos ruins (mas não como os de Einhorn).
Originalmente enviado aos clientes da Inva Capital em 25/01/2019