Um conceito bastante importante para sabermos a necessidade de seguro de vida é a diferença entre Capital Humano e Capital Financeiro.
O Capital Humano (CH) nada mais é que o valor presente dos salários que você irá receber no futuro. A maioria dos investidores faz sua poupança de capital humano para aumentar seu Capital Financeiro (CF), que é o valor de mercado dos seus investimentos. A soma dos dois é a riqueza total.
Uma conclusão rápida que podemos chegar é a de que o CH é maior para quem está ingressando no mercado de trabalho, com décadas para a aposentadoria, e zero para os que já se aposentaram. O gráfico abaixo ilustra esse conceito:
Uma alocação deve sempre considerar, além dos objetivos e aversão ao risco, a correlação entre CH e CF. Se ambos tiverem correlação positiva, há um risco muito grande de vermos nossa riqueza diminuir quando ambos passam por períodos difíceis.
Por exemplo, alguém que tenha um emprego estável e seguro tem um CH bastante parecido com renda fixa. Então, seus investimentos (o CF) podem ter um risco maior e ser mais voltado para renda variável.
Já um empreendedor, cujos ganhos tem uma volatilidade grande, tem um CH comparável a renda variável. Assim, seus investimentos devem ter maior alocação em renda fixa.
Ao longo da vida, temos o risco de morrer (que faz com que o CH seja zero) antes de construirmos nosso CF. Para evitar isso, usamos os seguros de vida, que nada mais são que um hedge contra uma eventualidade – talvez o melhor hedge existente, com correlação perfeitamente negativa.
A apólice deve cobrir o que foi deixado de ser acumulado de CF no momento da morte para atender seus objetivos. Inclusive há uma fórmula que mostra a interação entre CH, alocação dos ativos e seguro de vida. Ela contém muitas variáveis subjetivas, mas suas conclusões são importantes:
- uma correlação alta entre CH e ativos de risco reduz a alocação do CF a ativos de risco, o que também diminui a necessidade de seguro de vida. Isso porque a taxa de desconto do CH deve ser maior para refletir a correlação com ativos de risco, fazendo com que seu valor presente seja menor e diminuindo o tamanho da apólice.
- aqueles com CF já consolidado tem um menor CH para ser segurado, portanto, menor necessidade de um seguro de vida.
Resumindo, o seguro de vida é essencial para os que estão construindo sua riqueza (alto CH e baixo CF) e que possuem dependentes. Como comentado anteriormente, o objetivo do seguro de vida é proteger o CH e, consequentemente, os que já se aposentaram (alto CF e zero CH) não necessitam mais de uma apólice de seguro.
Originalmente enviado aos clientes da Inva Capital em 13/06/2014.